quarta-feira, 12 de outubro de 2011

E assim encerramos o projeto FOTOPOÉTICA - ou a arte de transver o mundo.





Agradecemos a todos que visitaram a exposição nas quatros cidades por onde ela passou
(Salvador, Valença, Juazeiro e Alagoinhas)

Agradecemos a todos os amigos e parceiros pelo apoio.

Aguardem que em breve a Iglu Photos e Cambuí Produções estará com uma nova exposição para encher de poesia e belas imagens todos vocês.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

Como chegar no Espaço Cultural Bahvna

.Rua Alagoinhas, 362
Mesma rua onde morou Jorge Amado e Zélia Gattai, na casa onde ainda abriga as cinzas do corpo do escritor, o Bahvna localiza-se nesta rua de casarios, no Parque Cruz Aguiar.
A rua, por sua vez, é uma das veias do coração do Rio Vermelho, um dos bairros mais boêmios de Salvador, onde pescadores e artistas transitam pelas madrugadas na beira-mar. É o lado também onde a Bahia festeja a mãe Iemanjá, no dois de fevereiro.


Rua Alagoinhas, 362, Parque Cruz Aguiar, Rio Vermelho - Salvador-Bahia.


quinta-feira, 2 de junho de 2011

A maior riqueza do homem é a sua incompletude.

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.


                                            Manoel de Barros

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ensaios Fotográficos

Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:


Madrugada, a minha aldeia estava morta. 
Não se via ou ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Lá o silêncio pela rua carregando um bêbado. 
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.


Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado.
Fotografei o perfume.


Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão.


Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakoviski – seu criador. Fotografei a nuvem de calça e o poeta. 
Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
Mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.


Manoel de Barros


Poeminhas pescados numa fala de João



I
O menino caiu dentro do rio, tibum,
ficou todo molhado de peixe...
A água dava rasinha de meu pé.


II
João foi na casa do peixe
remou a canoa
depois, pan, caiu lá embaixo
na água. Afundou.
Tinha dois pato grande.
Jacaré comeu minha boca do lado de fora.


III
Nain remou de uma piranha.
Ele pegou um pau, pum!,
na parede do jacaré...
Veio Maria-preta fazeu três araçás pra mim. Meu
bolso teve um sol com passarinhos.


VIII
Você viu um passarinho abrido naquela casa que ele
veio comer na minha mão?
Minha boca estava seca
igual do que uma pedra em cima do rio


IX
Vento?
Só subindo no alto da árvore
que a gente pega ele pelo rabo...


Manoel de Barros
COMPÊNDIO PARA USO DOS PÁSSAROS, 1960

Amarrando o tempo no poste

"o tempo só anda de ida.
a gente nasce cresce amadurece envelhece e morre.
Pra não morrer tem que amarrar o tempo no poste.
Eis a ciência da poesia:
Amarrar o tempo no poste".

Manoel de Barros